Data Inclusão:
05/06/2020
Data Alteração:
12/06/2020
Categoria:
Psicologia & Filosofia
Autor:
Sigilo Mistico
QUANDO NOSSO CÉREBRO ESCOLHE NÃO SENTIR PARA NÃO SOFRER - (Home Psicologia)
O sofrimento não é uma escolha pessoal; ninguém escolhe a dor ou o isolamento emocional por vontade própria. Infelizmente não existe nenhuma anestesia para não sofrer; as épocas escuras devem ser confrontadas com integridade, valentia e ilusões renovadas. A vida nem sempre é fácil. Esta frase é dita a nós com muita frequência, e quem até o momento teve a sorte de não ser "tocado" pela adversidade não compreende ainda o realismo destas palavras. Viver é confrontar provocações, construir um, dois, seis ou mais projetos, é permitir que a felicidade abrace nossas vidas, e aceitar que, de vez em quando, o sofrimento baterá na nossa porta para nos colocar à prova.
E não, nem todos assumimos esses golpes que a vida nos traz da mesma maneira. Há quem confronte melhor as decepções e quem, por outro lado, as interiorize permitindo que minem sua autoestima. Nenhuma tristeza é vivida de igual maneira, assim como nenhuma depressão tem a mesma origem, nem é sentida igualmente por todas as pessoas. Mas existe um sintoma muito comum que, de algum modo, todos teremos que experimentar alguma vez: a anedonia.
A anedonia é a incapacidade de sentir prazer e aproveitar as coisas boas. Nosso cérebro, por assim dizer, "decide se desconectar". Não sentir para não sofrer, isolar-se, ficar anestesiado. Pode ser que você já tenha sentido isso durante alguns dias, quando é consumido pela apatia e pelo desânimo, mas o que acontece quando isso se torna crônico? O que acontece quando deixamos de "sentir a vida" por completo de forma crônica?
A Anedonia, Quando Perdemos o Prazer de Viver
Como já foi dito antes, não existe nenhuma anestesia adequada para a dor da vida. Quando a anedonia aparece em nosso cérebro, como um mecanismo de defesa, ela não está nos causando nenhum bem, pelo contrário. Vamos começar esclarecendo alguns aspectos:
* A anedonia não é uma doença, nem um transtorno: é um sintoma de algum processo emocional ou de algum tipo de doença.
* Embora seja certo que, na grande maioria dos casos, ela está relacionada de forma íntima com a depressão, ela também pode se manifestar como resultado de uma esquizofrenia ou de demências como o Alzheimer.
* Todos, em maior ou menor medida, experimentamos anedonia alguma vez: falta de interesse pelas relações sociais, pela comida, pela comunicação com os outros...
* O verdadeiro problema chega quando a anedonia levanta um muro a nossa volta e nos tira todas as nossas características de humanidade: não sentimos nada diante das expressões de carinho, não precisamos de ninguém do nosso lado e nenhum estímulo nos produz prazer, nem a comida, nem a música... nem nada.
Se escolhemos deixar de sentir para não sofrer, não estaremos nos protegendo de nada. Estaremos fechando as portas à vida, seremos almas que vão definhando aos poucos...
A Anedonia a Nível Cerebral
Esta baixa receptividade frente aos estímulos exteriores tem seu claro reflexo em um cérebro deprimido
É importante levarmos em conta que tipo de processos se desencadeia em nosso interior quando experimentamos a anedonia:
* Se esse estado se tornar crônico e se prolongar no tempo, nossas estruturas cerebrais sofrem mudanças, e isso afeta nossos julgamentos, pensamentos e emoções.
* O lóbulo frontal, relacionada com a tomada de decisões, se reduz.
* Os glânglios basais, relacionados com os movimentos, ficam afetados até o ponto em que até nos levantarmos da cama exige um grande esforço.
* O hipocampo, relacionado com as emoções e a memória, também perde volume. É comum que tenhamos falhas de lembranças, que soframos sem defesa, que fiquemos obcecados por pensamentos negativos.
Frequentemente, a depressão é conhecida como a doença da tristeza. Mas na realidade, ela é uma coisa que vai além, ela é a prisão de um cérebro emocional que não encontra respostas para os vazios da vida, a decepção, a perda da ilusão.
Estratégias para Enfrentar a Anedonia e a Depressão
A depressão não se "cura", não se enfrenta de um dia para outro. Ela requer múltiplos enfoques, dependendo, como sempre, da realidade de cada pessoa. Os medicamentos, as terapias, o apoio familiar e, acima de tudo, os recursos próprios que cada um possa usar são elementos fundamentais.
Além disso, devemos refletir sobre os seguintes aspectos:
Não sentir para não sofrer, não é um mecanismo adequado com o qual viver. Ele permitirá que você "sobreviva", mas estando vazio (a) por dentro. Não se permita ser um prisioneiro eterno do sofrimento.
Se há alguma coisa positiva que podemos tirar da anedonia, é que você deixou de lado a capacidade de sentir. Agora que está "anestesiado (a)" em relação à dor, é o momento de se perguntar do que você PRECISA.
* Precisa que a tranquilidade e a felicidade voltem para a sua vida? Volte a criar ilusões consigo mesmo.
* Precisa deixar de ser prisioneiro do passado? Faça uma mudança rumo ao futuro.
* Precisa deixar de sofrer? Atreva-se a viver de novo, abra as portas do seu coração, permita-se ser feliz outra vez.
Pense nestes aspectos durante alguns momentos e lembre-se sempre de que viver é SENTIR em toda sua intensidade. Seja no seu lado positivo ou no negativo.
Fonte: (www.amenteemaravilhosa.com.br/cerebro-escolhe-nao-sentir-nao-sofrer/)