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O QUE É WICCA?   (PARTE I)

Data Inclusão: 29/12/2019
Data Alteração: 16/01/2020
Categoria: Religiões
Autor: Sigilo Mistico

O QUE É WICCA?     - (PARTE I)

A cultura Celta foi uma das mais importantes culturas que predominaram na Europa milhares de anos antes da ascensão e conquista de Roma. Os Celtas surgiram na Europa Central em meados do II milênio a.C., e provavelmente se originam dos povos indo-europeus a partir da Idade do Ferro.  Os primeiros relatos da existência dos Celtas na Inglaterra e Península Ibérica, datam de 1000 a.C.  Começaram a ocupar às margens do Rio Danúbio e Sul da Alemanha à partir de 600 a.C.  O avanço das artes e da cultura céltica aconteceu na Suíça, às margens do Rio Neuchâtel e em La Téne. A partir daí, entre os séculos III e V a.C., espalharam-se por toda a Europa, chegando à Turquia e Ásia Menor. Pesquisadores afirmam que os Celtas permaneceram na Irlanda até a época de mais ou menos no século XVII. Apesar de terem se espalhado por longas distâncias e países diferentes, a cultura Celta jamais se fragmentou, pois haviam forças maiores que os uniam: a língua, a arte e a religião.

A religião dos Celtas era o Druidismo, uma das religiões mais antigas do mundo. Na organização da sociedade Celta, os Druidas exerciam um papel fundamental e de maior impotância, já que eram os ministros da religiosidade, guardiões das tradições, cultura e da teologia. O Druidismo era uma religião politeísta e seus ritos sempre eram realizados ao ar livre, pois, os Deuses jamais poderiam ser reverenciados em templos feitos pelas mãos humanas e assim, a Natureza era reverenciada como a Única forma de atingir a essência das divindades.  A raiz filosófica-espiritual dos Celtas era baseada na reverência à duas Grandes Divindades: a Grande Deusa Mãe e o Deus Cornífero, chamado também de Ceridwen e Cernunos. Essas duas Grandes Divindades garantiam a properidade da descendência, da agricultura, do gado e o sucesso na guerra.  O calendário céltico tinha uma estreita relação com a agricultura e os ciclos sazonais da noite. O Druidismo ou a religião céltica, pode ser exprimida como o culto à Grande Deusa Mãe, a própria Natureza, em todas as suas manifestações.

Os Druidas ensinavam sobre a arte da agricultura, da cura com ervas, da caça, entre outras coisas.  Realizavam as festas ritualísticas em homenagem às Divindades, além de iniciarem as pessoas nos preceitos da Arte da Magia. A iniciação nos mistérios druídicos duravam em média 20 anos e os ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra escrita pudesse se tornar veículo de magia incontrolável. Eram versados na adivinhação, onde utilizavam bastões oculares, chamados de coelbren, para predizer o futuro.  A classe sacerdotal era dividida entre homens e mulheres, mas, a sociedade era extremamente matriarcal.  As Druidesas eram divididas em três classes: a primeira, vivia enclausurada para alimentar o constante fogo sagrado da Deusa Brigit.  As outras duas classes, se casavam e eram as principais participantes nos rituais sagrados.

A raiz filosófica-espiritual dos Celtas era baseada na reverência à Grande Deusa Mãe e ao Deus Cornífero. Eles diziam que o universo foi criado à partir do corpo e da mente da Grande Deusa. Ela é o princípio que simboliza a fecundação e a criação, Mãe de todos os Deuses. Seu filho e consorte, o Deus Cornífero, representa a fertilização.  No final da Idade de Bronze, que data de 5000 a.C., foram encontrados muitos indícios de culto à Deusa Mãe. Pesquisadores e arqueólogos, trouxeram à tona diversas obras de arte das mais antigas, que são representações humanas do arquétipo da Mãe.

Estas descobertas se estendem por toda Europa, África, Escandinavia e diversas outras localidades. Estatuetas femininas esculpidas em osso, marfim, barro, argila e pedra representando mulheres nuas com longos cabelos, grandes ventres e seios, sempre foram encontradas nas proximidades de lugares sagrados e em sepulturas, significando algo sagrado e de simbologia religiosa. Foram encontrados também, alguns objetos ritualísticos com desenhos da Deusa, que pela data constatada através de testes com carbono 14, datam de 500.000 a.C., o que seriam no Paleolítico Inferior(Idade  da Pedra Lascada - onde surgem as primeiras estruturas sociais - onde construíram armas e artefatos rústicos - era do fogo - onde começaram a ter conceitos de família).

Paleolítico Superior - Segundo alguns arqueólogos, é nesse período que o homem começa a se apegar com sobrenaturalidade (dando origem a religião) - eles cultivavam o poder feminino da natalidade e as consideravam superiores por gerarem a vida ao engravidar.  A adoração a Cernunos, filho e consorte da Deusa, também era muito difundida na Europa. Foram encontradas diversas estátuas na Suécia e em Mohenio Daro, no Vale Indo, com representações do Deus Cornífero com galhos de cervo e cercado por diversos animais. 

Os homens primitivos, nossos ancestrais, sempre consideraram que o poder divino que presidia a criação era feminino e não masculino como o Cristianismo impôs ao mundo. Torna-se evidente que as crenças religiosas centrais da Europa, envolvia a adoração da Grande Deusa Mãe (a Terra e a Lua) e ao Deus (o Sol). Com o advento do século XXI, e consequentemente da Era de Aquário, todos estes velhos conceitos estão voltando à tona e ressurge em todo mundo com uma força brutal, as crenças e todo o poder da Magia dos Antigos Celtas.  A bruxaria é a antiga religião dos povos da Europa, que após quase 2000 anos de exclusão e desaparecimento, ressurgiu nos idos de 1940, sob o nome de Wicca, como muitos usam hoje quando se referem às crenças e práticas de origem pagã. Talvez o mais antigo relato sobre a prática e a continuidade dos cultos da Bruxaria em nosso século, data de 1921, quando Margaret Murray, publicou o livro "The Witch Cult in Western Europe" ( O Culto das Bruxas em Western, Europa).  Neste livro, a famosa e respeitada Dra. Murray, revelou que os cultos pagãos pré-cristãos, ainda eram conhecidos e realizados em inúmeras partes da Europa.  Nesta obra, mencionou que o culto a Cernunos e Ceridwen, os deuses primordiais dos Celtas, tinha sido incorporado por inúmeros grupos Neo-pagãos atuantes da época.

Quando Robert Graves publicou em 1948, o livro "The White Goddess" (A Deusa Branca),a Wicca começou a ser reavivada. Mas somente em 1951, quando a última das leis inglesas contra a Bruxaria foi sancionada, e Gerald Gardner  publicou o famoso livro "Witchcraft Today" (Feitiçaria Hoje), que a Bruxaria explodiu e tornou-se uma religião oficial, constitucional e reconhecida por toda a Inglaterra e de lá imigrou para todo o mundo. Desde 1979, o interesse pela Bruxaria cresceu incrivelmente, podemos notar isto através dos vários livros sobre o assunto que foram publicados desta época para cá nos EUA e na Europa. A Bruxaria tornou-se muito conhecida e professada entre os europeus e norte-americanos, porém, nos últimos tempos houve um crescente interesse pela Bruxaria no Brasil.

A Magia Wicca, surgiu no Neolítico nas religiões européias entre os povos da Irlanda, Inglaterra, País de Gales, percorrendo os povos da Itália e da França. O povo Celta, ao invadir a Europa, trouxe suas crenças nativas, que se mesclaram ao conjunto de crendices da população local, dando, assim, início às práticas Wiccanianas. Apesar da Wicca ter criado raízes entre o povo Celta, é de suma importância ressaltar que a Bruxaria é anterior a estes povos.  A palavra Wicca vem do Saxão Witch ou do inglês arcaico Wicce, que significa "Girar" ou "Dobrar".  Alguns estudiosos porém, afirmam que esta palavra vem da raiz germânica Wit, que quer dizer "Saber". Deduzimos daí que a palavra Wicca significa: "A SABEDORIA DE GIRAR, DOBRAR E MOLDAR AS FORÇAS DA NATUREZA AO NOSSO FAVOR", um dos objetivos da Bruxaria.

Assim como na crença Celta, na Wicca existem duas Forças primárias que são veneradas nos rituais, sortilégios e petições: A Grande Deusa Mãe e o seu filho e consorte, o Deus Cornífero, um ser meio homem, meio animal, responsável pelos rebanhos e pelas florestas. A Deusa é o princípio da feminilidade, da fecundidade e da criação. Seu símbolo é a Lua e na Bruxaria ela é a detentora de três personalidades e três fases que representam o Presente, o Passado e o Futuro; as três fases da Lua que são veneradas - Crescente, Minguante e Cheia; os três ciclos da vida - Juventude, Maturidade e Velhice; as três cores sagradas da bruxaria - Branco, Vermelho e Preto. A Deusa é a Grande Trindade Feminina de Donzela, Mãe e Anciã, tão comum nas mitologias de várias culturas antigas. A Wicca é uma filosofia mágica de vida, baseada nos ciclos da Natureza, incluindo várias formas de Magia Branca e rituais para harmonização pessoal, através das Forças da Natureza, envolvendo o poder das Fases Lunares e das Quatro Estações do ano. Como representação primordial do ressurgimento pagãos numa versão moderna, revive o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos através de rituais quase esquecidos de nossos ancestrais.

A Bruxaria foi muito deturpada através dos tempos, principalmente pelo Clero da Igreja Católica, que se sentiu ameaçada pelo seu poder, já que o Paganismo era a religião oficial da Europa, antes da chegada do catolicismo. Devido à forte influência da Bruxaria entre os europeus, a Igreja promoveu a "Caça às Bruxas", através da Santa Inquisição.  Em 330 d.C., o Cristianismo foi estabelecido e imposto como religião oficial. A partir daí, muitos dos velhos rituais e deuses que eram venerados, foram abandonados. A aristocracia, sedenta em querer dominar a população e adquirir riquezas, uniu sua força ao poder político da nova religião.    Mas os camponeses, os verdadeiros pagãos, se recusavam veementemente em aceitar a religião cristã e se o fizeram, foi por extremada imposição. Mesmo assim, nunca abandonaram seus ritos, práticas mágicas e continuaram a cultuar seus deuses.

Na Idade Média, a Bruxaria foi colocada em segundo plano e marginalizada pela Igreja Católica. O objetivo principal da Inquisição era acabar de vez com as crenças Wiccanianas, que eram ameaçadoras à nova religião que se preocupava muito mais em enriquecer e acumular fortunas, do que levar ao mundo o Evangelho. Em nenhum momento a Bruxaria foi uma religião maligna ou que cultuava os poderes do mal, mas apenas uma forte crença arraigada no coração de todos os antigos europeus e que precisava ser eliminada a qualquer custo pelo Cristianismo que crescia.  Os Sacerdotes do início da era cristã, adaptaram diversos rituais da Bruxaria, anulando desta forma o culto Pagão pela absorção. Assim, mesmo que, de forma disfarçada, ocorreu um sincretismo religioso e massacrando as Divindades e crenças antigas, a religião Católica ganhou forças e dominou o mundo.  A Wicca tenta trazer novamente ao conhecimento público, os rituais antigos. Hoje, nada pode ocorrer além disso, pois muitos dos segredos que a envolviam, foram perdidos quando a Bruxaria era considerada crime. Hoje também, não existe mais uma linhagem de Sacerdotes como antigamente, mas sim pessoas normais que praticam rituais antiguíssimos, cuja origem se perde no tempo.

 

Fontes:

(Texto extraído do livro: Wicca - Ritos e Mistérios da Bruxaria Moderna, Autor: Prieto, Claudiney/Editora: Germinal/ISBN: 85-86439-05-03)

O QUE É WICCA

 

 

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