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MARTINHO LUTERO  -  O REFORMADOR  (PARTE III)

Data Inclusão: 27/12/2019
Data Alteração: 16/01/2020
Categoria: Religiões
Autor: Sigilo Mistico

MARTINHO LUTERO - O REFORMADOR  (PARTE III)

AS 95 TESES DE MARTINHO LUTERO

1° Tese: Dizendo Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos..., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na Terra seja contínuo arrependimento.

2° Tese: E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3º Tese: Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.

4º Tese: Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5° Tese: O Papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6° Tese: O Papa não pode perdoar dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus; ou então, faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7° Tese: Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8° Tese: Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9° Tese: Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema.

10° Tese: Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11° Tese: Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12° Tese: Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13° Tese: Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.

14° Tese: Piedade ou amor imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15° Tese: Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16° Tese: Inferno, Purgatório e Céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17° Tese: Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18° Tese: Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19° Tese: Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.

20° Tese: Por isso o Papa não quer dizer e nem compreende com as palavras "perdão plenário de todas as penas" que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.

21° Tese: Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do Papa.

22° Tese: Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23° Tese: Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24° Tese: Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25° Tese: Exatamente o mesmo poder geral, que o Papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26° Tese: O Papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27° Tese: Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.

28° Tese: Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29° Tese: E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.

30° Tese: Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31° Tese: Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32° Tese: Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgências.

33° Tese: Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do Papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dádiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34° Tese: Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35° Tese: Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36° Tese: Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37° Tese: Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38° Tese: Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do Papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39° Tese: É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40° Tese: O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41° Tese: É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do Papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá  aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44° Tese: É que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.

45° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do Papa, mas provoca a ira de Deus.

46° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura, fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada.

48° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos que, se o Papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.

49° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do Papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em consequência delas, se perde o temor de Deus.

50° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos que, se o Papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51° Tese: Deve-se ensinar aos cristãos que o Papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52° Tese: Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53° Tese: São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proibem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54° Tese: Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55° Tese: A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser aunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56° Tese: Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.

57° Tese: Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58° Tese: Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos Santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59° Tese: São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60° Tese: Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61° Tese: Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62° Tese: O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus

63° Tese: Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.

64° Tese: Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65° Tese: Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66° Tese: Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67° Tese: As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.

68° Tese: Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais íntima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69° Tese: Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.

70° Tese: Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71° Tese: Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72° Tese: Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73° Tese: Da mesma maneira em que o papa usa da justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74° Tese: Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75° Tese: Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

76° Tese: Bem ao contrário, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.

77° Tese: Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o Papa.

78° Tese: Em contrário dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes, o dom de curar,etc., de acordo com o que diz 1 Coríntios 12.

79° Tese: Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na Igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80° Tese: Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81° Tese: Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82° Tese: Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por 'santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante insignificante?

83° Tese: Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto ser injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84° Tese: Ainda: Que nova piedade de Deus e do papa é esta, que permite a um ímpio resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85° Tese: Ainda: Por que os cânones de penitência, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?

86° Tese: Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?

87° Tese: Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?

88° Tese: Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89° Tese: Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?

90° Tese: Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91° Tese: Se a indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92° Tese: Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.

93° Tese: Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há Cruz.

94° Tese: Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95° Tese: E assim esperem mais entrar no Reino dos Céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.

 

Fontes:

MARTINHO LUTERO - O REFOR

 

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